quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Estatuída


Pedra de mármore raro

é aquela que atravanca

o meu caminho

perdoada por bela

incomum

entre o ocaso de todos os fatos

que se repetem inuteis

nos meus dias.


Pedra extraida do seio da terra

já não entendo
qual mal possa haver...


Te olho de lado

me sento em teu colo

não te esculpo nem te escalo


Tenho a sede do caminhante

antigo

de olhos fartos, cansados

dos mesmos trilhos

nos mesmos passos


Pedra dura que afaga

na entre-vida de objeto inanimado

bem viera tu, a quebrar meu marasmo.


Moldada sob a pressão da terra

te cabes nos cantos, te assentas inerte

com um peso sob os ombros

bem maior que o meu.


Gema de partida e chegada

revestimento da casa

que me abrigou


Gema de ovo e raiva

atada, ao destino

no meio de nada

que me arrebatou.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Medo de fantasmas


De nada vai adiantar
ao infinito
o mito do teus olhos

Nas letras de um vocabulário
extenso e extinto
da tua lingua
que eu hoje,desconheço

Um toque cálido
de estatua estranha
de mogno e aço
ou musculatura

De nada servem
retalhos de amor
ou humor
sem costura

Nem três pingos
de chuva
entre seis mil
verões

Nada vai salvar
O escombro dos meus dias
das tuas ventanias,soltas

Quantas imagens
calculadas
nessa maquina
sem numeros

Quantas contagens de apuros
sem dedos
com medos
tantos
quantos, me perdi

De nada vai adiantar
ao meus instintos
o mito dos teus olhos

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Memórias


Se no entremeio do texto
desabo
nas coisas que não vivi
Ao menos vi dessas coisas
senti tantas loucas
simples coisas
novas, velhas ociosas
coisas
moveis ou mórbidos
objetos
e abjetos objetivos

Não conto um conto
nem de fadas
ou de moeda
antiga, enferujada
Nem conto o caso
do mineiro ou do vizinho

Não me agasto à fofoca
mas do que me toca
no âmagos da notas
da lembrança fragil
que desbota e fica
por solene e linda
e memoravel

Monto a história
do homem
[perfeito]
de imperfeitos atos

Da humanidade
pintadas em mil cores
sob negro manto
faz do tom
tão menos vivo...

Digo que sinto
sentimentos outros
que não meus
ou são... por esbulho
por furto ou por posse
e gosto.

Não falo só do sentido
mas do que vejo
do que não gosto [e dói]
Fora de mim
bem onde o dedo
na ferida [aberta]
atravessa a lei do espaço
e toca no oculto
das minhas certezas.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Olhares


Vida e vidraças transparentes

até onde vê-se

o ato fato

erroneo verso

sem sentido


Das palavras doentes

do menino quieto

num medo absurdo

da visão mais clara

quase cor de alma


Dos versos não dito

refeitos

escondidos

proibidos

na profunda repressão


Do medo latente

em qualquer julgamento

de jovens passantes

sem convicção


Sorriso amarelo

plantado no rosto

pior que palhaço

CONTRA-cenando

acenando o que não sente



São milhares de cacos de vidro

no quintal

do jarro favorito

de minha avó


Vitrais são feitos

de cacos de vidro

[pensei]

e não há mais belos



Será que alguém

quando feito aos pedaços

tem beleza?

[perguntei]


Tilintam cacos

de vidro e gente
no meio da tarde

uma obra de arte...

aos pedaços.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Amanhecer


Olhando as letras

num teclado que dança

ante meus cansados olhos

me pego confabulando

a fabula de existencia

[e de ser]


Quantas tantas palavras

que esperam

pacificamente

em indiana fila

de um suburbio mental

[desconhecido]

o direito de aparecer


Desde a simples figuração

ou artista principal

nexo causal ou nucleo da historia


Esse conto

de faz de conta

que na verdade

ninguém contou


Aglomeram-se as pobrezinhas

entretantos

empurrões

Mas eu penso

Tenham calma!!!

Ou tudo ha de acabar

em reticências


Como vou selecionar meu elenco

traduzir sentimento

palavras ao vento

ou jogadas no mar


Que no afã desepero

atirei aquelas

que não sabiam nadar


Nisso afoga o poema,

o sentido e o desejo

na maré dos medos

sem bote e sem ar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Idiossincrasia


O globo do meu olho é o mundo

de uma íris castanha de terra

e não azul de mar

fincando os pés no chão


Ouço histórias de ritos e credos

passos secos

pés descalços

mãos que abarcam

cinco filhos e um cachorro

é sertão!!


Ouço a chuva distante

mato verde... mas rude

travessia em cavalos

no açude, é agreste!!


Ouço o vento que bate

na madeira derrubada

e a despedida dos troncos

hoje canaviais

isso é zona da mata rapaz!!



E o ar condicionado, no ultimo andar

do edificio que bloqueia o vento

com mesas de mil troncos

e pouca chuva...
isso é capital e capitular....



São só meus cones

e bastonetes

infimas particulas da minha visão

são PONTOS de vista


Passando em revista

resumindo a prosopopéia

isso é a terra que não nasci


Louvando a conquista

temendo as arestas

arremato em meu ponto

exato do globo


Isso é o extrato

de cabra da peste

com homem high tech

Nordeste, Brasil!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Extrato etereo


Um fruto de universo traduzido
um toque de flautim na velha tarde
quatro gotas de orvalho
fugidias
no distante amargor
da erva mate


Oito sinos tocando na cidade
entre esses quatro pontos cardeais
cinco sons entre noite e alvorada
musicais... sete notas...semitons


Houve o brilho da estrela matutina
céu azul, noite clara
amanhecer

O escuro que passa
deixa as dores...a ausencias das cores
dos fulgores
a saudade vermelha
os olhos negros
um sorriso amarelo
e um adeus


Foi laranja a fruta da estação
que alaranja no tom
o entardecer

Mas seria mais justo fosse chuva
transparente nuance
furta-cor
diante de tudo
DIAmante
ante [o nada]
presente do instante


Mil e uma vertigens
acho graça
nos dois mil sentimentos
pensamento, fragmentos...
das verdades [unicas verdades]
suas, minhas
por todas as partes.


Um Nêutron, um elétron, um próton
seis quarks
de tudo que existe...

Um banco genético
ou fisico ou quimico
Receita de bolo.


Três partes de sonho
Uma de loucura
duas de abandono
e uma poesia.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Estrela


Tenho saudades do que eu não tive

e é tempo que escorre pelos dedos

quero a lembrança do brilho incontido

que o dia conteve no despertar


Busco a sensação estelar

estrela cadente.. incandescente

livre

em trajetoria errante

espacial



Caminhante sem rumo

do universo

guiada pela atração-repulsão

da gravidade das coisas



Com luz própria

em fulgor consumido

de partes de si

em impulso de fuga



Astro do espetaculo

janelas abertas na noite escura

estou no foco dos olhares

nos instantes



Mas o reino dos espaços

vazios

é meu refugio

abandono


balanço da cauda...mais um pouco de mim

que se vai

sacrificio pra manter

um destino


Viagens sem fim

me consumindo

buscando um final [indistinto]


Poeira de estrelas...

Sabor de mil vidas...

Redenção!



domingo, 26 de julho de 2009

Banalidades


Banho quente... numa noite fria
toalha fofa
cama repleta de cobertores
lembrando um abraço doce...
matéria-prima perfeita
para lindos sonhos....

Nascer do sol ... no silêncio
leite quente ...com chocolate!!!
Carinho de mãe
gorjeio de pássaros... livres
sorriso de criança...
meus cachorros brincando
palavras amigas ...
flor desabrochando em rima
vento no rosto
arco-iris

são só banalidades...
Mas estou feliz....

CoMfusão


Sete cartas de baralho estranho
contrastando com as sete petalas
de uma flor... perdida sobre a mesa
de um cenário ímpar

Cada pétala de uma historia
reunidas ante a Távula redonda
tão disconexa e angular
quanto um arco-íris se dobrando
sobre uma oitava cor...


Psicologia ou matematica
escrevendo no quadrado da alma
o cudo das mil vidas
tantas facetas, tantas visões...

Da janela do carro tudo se move
e estou parada
mas não permaneço no mesmo lugar...

Da janela de casa tento ver
o carro de que passa...depressa
e enxergo em relance... meu rosto

Sim,Dois corpos não ocupam o mesmo lugar
[paradoxo]
mas me vejo em duas cenas
sem espelho...

Só que existem dois de todos nós
um comum [outro surpreendente]
na alma latente no corpo lascivo
um pequeno silvo do desconhecido

Despetalando a flor silenciosa
derramaram-se todas as historias
esperando o julgamento

único


...das duas partes das sete petalas
num vendaval aritmetico
métrico, médico e medíocre
que nunca verá as cores do arco-iris

ao menos a oitava cor
secreta dos olhos dos passantes comuns
velada das mentes do pensantes comuns
Insólita

Extraordinária como cada história
disconexa
que sente que tem razão
e contra toda lei da cinética
quer ganhar ares de perfeita.

Confusa como toda criatura
que se vê grande como sol
mas num deslize simples
compreende que a natureza
inventou eclipses.


Distinta com um réu rei
julgado,preso e condenado
pelo crime mais comum;

Perdida e em confissão
da imensa confusão sem nome
que é se fundir a um planeta
Lunático.

terça-feira, 23 de junho de 2009

VATE

Poema sem palavras
como querendo explicar
mil pessoas num só ser
que é como a magia
de poder estar
em mais de um lugar
ao mesmo tempo

Dom Quixote que gira
ás pás do seu cata-vento
e é esse moinho
que me faz voar

Para uma historia de amor
de pai pra filho
no inverso do evangelho
onde a lógica paternal
oferece a vida
presenteando o descendente

De um amor não de morte [mas de vida]
vivendo em plenitude
só por amar
nos gestos e combates
dos demônios físicos e emocionais.

Gerando força inabalável
de prosa com som de verso
e passos de letras de canção

Um irmão, onde a sequência
[do DNA] não faz par
mas ninguém olha, por ignorar
sequências e sinapses e sair ao sol
sob a influencia da Lua salvadora.

Este quebra-cabeças de emoções
num paradoxo extremista
consciente e firme
porém mutável...

De um devoto de Shakespeare,
futebol e um certo Filho
de um outro Pai...

Mestre das letras e das palavras
ausente das cadeiras das academias
exceto uma
E como um todo, exceção

Na cadeira mais nobre
recosta-se sem ver
Um ser [de mil elementos ]
como imortal
além do saber
ser etéreo pelo sentimento....

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Incostancia

Parece facil controlar o tempo
ou segurar o vento
na palma da mão
como um velho louco
dedilhando as notas de uma canção
num igualmente velho, oco tronco
dito violão


O mundo ri-se
da angustiante tentativa
de Atlas [o titã ]
em carregar nas costas
justa pena
além da humanidade

E vão se desfiando como contas
execuções das improbabilidades
escalar montanhas e ver a lua
no dia do diluvio...

Porque o auge da lei
é a vontade
sem freios, sem comando feito fera
sem medo, nem tamanho
nem medida
sem estar submissa ao que é real
renegando a noção do impossivel...

Tenho as contas de um rosario enigmatico
onde a minha sanidade se perdeu
dissolvendo a logica matematica
e a ordem pratica dos meus caminhos

Os meus olhos fecharam no cansaço
minha mente se abriu incosciente
entre o fremito e o clamor
de não saber nem onde estou,
nem pra onde o vento me leva


Sei que voo
Acima de todas as expectativas
pairo sob o ar como pluma
já não me importando o caminho
ou descaminho para que me inclino

Basta que a brisa leve, me carregue
e eleve, sob o sol
que me aqueça sem limites
e me enlaçe [me adormeça]
sob a luz do amanhecer....

quinta-feira, 11 de junho de 2009

>> Mãe <<




És o toque que aplaca os males
o carinho que preenche e cura
Me vejo em teu reflexo
espelho dos meus versos

Quisera eu compreender tua fortaleza
ter a força de mil mundos
Para sustentar-te a queda
Ouvidos encantados
para interpretar os silvos
do teu coração.


Não te posso dar a paz que almejas
nem o mais distante vulto
dos teus belos sonhos
que são justos.

Tu que és o fim dos tormentos
e o refugio dos medos
onde se dissipa
toda a paúra de ser
despencar de um abismo [sem fim]

Me ensina a ser caminho, seta, destino
já que tens a origem de tudo
faz do meu amor um meio [mundo]
que ele seja o teu alento
nas noites que não chovem...


Eu sei de mim, infimo grão de mostarda
que cuidadosamente semeaste
sem haste nem tronco, pequenina
que não tem mais que si para oferecer

Posso ser pouco, muito ou nada
mas faz do meu amor tua morada
aceita meu abrigo
tão minusculo

Que te entrego até a ultima fibra
do meu ultimo musculo [cardíaco]
para que te sustente
retese, contraia, expanda

Te ofereço até a ultima célula
do meu amor eterno e etereo
[que já é seu]

Descobri, que por você eu posso tudo
na fenda do mundo, eu posso voar
pois plantado em teu ventre
esse grão de mostarda
tem asas...


segunda-feira, 1 de junho de 2009

Tempo


Os segundos vão passando

com ganas de transformação

Nenhum dos dias pode ser igual

Não há um mero instante imortal

tudo se esvai


Tudo se prende e se afivela

nos ocultos cadafalsos do pensamento

que não nos poupam

sequer dos dias de chuva

dos olhos



Nesse relogio que gira,
a mecânica ignora

tantas revoltas, ou alegrias

nas reviravoltas que a vida dá


Num retrospecto, como de filme

pelicula antiga e rebobinada

acelerada, sem pausa

nem som, nem parada



Figura insone... num cinema mudo

que assiste a historia de sua vida

e enquanto dramatiza

o tempo segue a sua sucessão


Num passo temporal (onde o relógio)

percorre o espaço

de meia-vida

de elemento quimico

desgastado, consumido

pelo meio e pelas pontas

do ponteiro.


Agora grita, o despertador

em plena escuridão ( de meia madrugada)

começa o trabalho pra nascer (o sol)

que não vai esperar


E o tic-tac é como o poema

escrito a caneta ( assinado)

e entregue

ao seu destinatário...


Não se corrige, não se emeda

não se completa... nem nega autoria

Mas o sentido, qual folha ao vento

se entrega às mãos

de quem interpreta....

terça-feira, 19 de maio de 2009

Sentidos


Já não tenho mais o mesmo cheiro
nem o mesmo gosto
no meu rosto não encontro
as marcas do teu contato

Já não tenho o tato
das coisas loucas
e antigas
já tão conhecidas
que eu adivinhava

O cheiro da terra molhada
que anuncia a chuva
já não é o mesmo
do pretérito inverno

Sinto o gosto do sol
no céu
da boca que se abre
e se alimenta

De um raio vertigem
descondensado
eletricamente carregado
violentamente atirado
sobre a terra

Abro meus olhos no escuro
pupilas constrictas
revelam um novo mundo...

Ao longe eu ouço o som dos sinos
ou seriam risos
leves... fugidios
com tilintares metálicos

Nao tenho o sexto
mas o setimo sentido
que são todos eles juntos
abrindo as portas

[do universo da sensação]


Estou no quarto andar da trajetória
na segunda fase da história
Na integralização das derivadas
do mundo sem cortinas
de um quinto elemento
do invisível


Estou de pé no limiar de um rio
entre dois caminhos
de olhos fechados
e os pés sobre os espaços

Atirei um terço dos problemas
caminho mais leve
e sinto nos labios um gosto de prenunciação
im-pro-nun-ci-á-vel ...


Ouço o tique-tac dos passos
refuto as máscaras
desafio os impulsos
nervosos e magnéticos

Ultrapasso trincheiras
e assumos riscos
me atiro no abismo
por gosto, por vôo
estou na overdose
dos sentidos...

sábado, 16 de maio de 2009

Chuva


Essa chuva que desaba
é água salgada
que vem não da nuvem
mas da nascente

Essa água que mata
as sedes das gentes
e alivia a alma
dos deseperado

É uma força que lava
que limpa os caminhos
e os descaminhos
onde os leigos se perdem...

É uma agua de sal
que desce do céu
pela curva do rosto
e morre nos labios
afogando palavras

É essência Divina
que purifica e apaga
é correnteza
que arrasta

Aquilo que já não sevre
e as vezes
aquilo que foi tudo
que foi toda
uma vida

Retratos, móveis ,vidas
levadas por uma força
liquida
e devastadora

A mesma que lava
que trata
que salva
Arrasta e
escava...
não pede licença...

É a lição da vida
no uso da força

Podes ser gigante
mas o amor se toca
com a alma das mãos....

segunda-feira, 11 de maio de 2009

SILENCIO!!


As vezes é preciso olhar

para trás

Quando o leão

já não caça

o cordeiro


Ele tem que pensar

ele tem que comer

mas o que?



Quando o sangue amarga na boca

quando se olha nos olhos

dentro da vitima

e dentro de si


Quando é possivel

se ver

nos reflexos

mais inesperados



Existe um instante

onde tudo se confunde

como num giro
não há como saber

de onde vinha

ou aonde ia



Em certos momentos

a unica alternativa

é um recomeço


Um leão que não caça

não pode ser

O rei do bando

nem da mata.


Um ser

de dentes e garras

tem seu instinto

lascivo


Tem olhos astutos

de um predador

espalhando poder


Mas se o leão

quer ser gato

lepido e perspicaz

ou mais


Se ignora a vaidade

e brinca com a preza



Pode ser diferente

assutador

Mas ninguém pode impedir

um trovão num dia de chuva



E neste dia
a fera das feras

se arrastou num furacão

de mansidão e alma nua.

domingo, 3 de maio de 2009

Frio


Eu estou de costas sob a neve
simulando anjos
e neste ato eu me esqueço
de todos os que sentem frio

Há frio dentro me mim
que como na geladeira
cumpre seu papel
conserva

Mas tudo tem seu preço
perco os melhores sabores
desboto as cores
enrijeço o meu interior

Neste vazio,frio
em que me perco
já não sinto o frio gelo
que é quente ao toque
das minhas mãos

Cabeças rolam
como se fossem bonecos [de neve]
mas ainda não derretem
falta sol


E os olhos de botões
desabotoados
não veem além
do proprio umbigo
inexistente


O tempo passa
e mais se atrasa o sol latente
nas primaveras interiores
se perdem os pendores
do novo tempo.

Teu sorriso tem mil invernos
chamuscados pelo que há
de fogo [no frio]
que queima


As sensações são relativas
fecho a porta da geladeira
de mim.

Num baque
que a todos acorda
entre gritos e resmungos
o sol vai nascer

O motor ribomba e sofre
quando o entorno se aquece
é dificil ser frio

Ele urra na luta, resfolega
desiste
Vamos todos a manutenção


Num mundo pré-climatizado
todo motor deve funcionar
não se pode desligar
se não gostar do ar [condicionado]

Tudo é pré-determinado
estipulado
pra ser acondicionado
no seu lugar.

So que a primavera
dessa nossa era
tenta tocar
a insesivel fera

Tocada a oléo
litros de petróleo
numero, protocolo
globalização...

E a geladeira, já tão distoada
foi arrematada
na liquidação

Mas por ter defeito
e não saber gelar
o adquirente
foi buscar abrigo [na legislação]

No fim da audência
o ex-proprietário
saiu condenado
estelionatario

E a tal geladeira
por não ter valia
foi encaminhada
para um orfanato
como doação.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

EsFiNgE


São ares de areia carregados

no enigma dessa era!

Sabeis da areia, da aparência

mas suas câmaras ocultas

existem por suas razões.


Deixas carros, prédios e buzinas

Contempla-a em silencio

Seu segredo é seu misterio

seu valor


Há paz e beleza neste admirar

mas para entrar

entre as obscuras passagens

é necessario muito mais coragem


Há armadilhas em cada canto

estão provando sua valentia

sua inteligencia,ou sua esperteza


Podes ser conquistador ou preza...

Podes perder-se no caminho

e nunca voltar...


Quem quer descobrir meu enigma

não deve ter medo da morte

precisa contar com a sorte

caminhar de olhos vendados...


Sentado em meio ao deserto,

Podes admirar

mas não se levante, fica

Ou firma teus passos


Se entrares pela porta,

não há volta

Terás o destino traçado...


Reza um prece, grão de areia

Se quereis misterios

encontrarás...


Mas por não devenda-los

Eis que enlouquecem

a todos os homens

de olhos fechados.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Lobo Negro


Da janela do alto da casa ele está
e quando ele surge
o céu fica negro
Ou vermelho

Tem a força de um gigante
e a alma se perdeu
tem a dor por sua amante
e mulher

Quando olho pro espelho
não vejo mais rosto é vermelho,
azul, escuridão...

Os passos do mostro
Relâmpago no portão
Frankstein está a solta...


Metade homem, metade nada
que toma inteiro
sem caneta nem tinteiro
pra remediar...

Comprando almas e cobras
espalha pedras e cobres
em cada rua que dobras
deves olhar pra trás


Quem fere a fera inocente
merece lâmina fria
quem quiz ser monstro indecente
não pode ouvir a poesia

Eu tenho versos e trapos
com fel e açucar mascavo
Tenho um veneno guardado
Pra pra dissolver num so trago
Um lobo negro...
sem alma.

sábado, 25 de abril de 2009

AsA


Vejo um carro que atravessa a noite escura
Mas ninguém lhe deu asas
Ele se sente carro
e neste instante cai

Na queda tudo são pedaços
antes encaixados
de vida
de quebra-cabeças infantil


Mas no fim, das asas
do anjo de lata
é agua corre pro mar

E este ,de água,
de lagrimas
Lava as almas
de todos os que perderam a viagem.

Já é tarde,
Os mergulhos dos rios da verdade
já se foram

Só escuto o choro
de uma criança
que ninguém mais ouve

E ela quer saber
o porque
de ninguém ver
as suas asas.

Na noite escura
este anjo é o sol
Leva de volta pra casa
O belo casal...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Milagre


Espera!
O instante é nada e bem o sabes
Se avizinha o Rei,o Faraó
e ele quer o preço das almas
Quem dera cantar-te nos versos profusos

"De fato, eu nunca vi a aurora cor de cinza,
e acho que o dia se vestiu de lua."

Sei que o Sol vos despede pra Mantua
Ao sons das inspirações do Bardo
mas de nada faço
Admirar contigo, a nossa despedida


Eu tenho uma escadaria para o paraiso
mas meu salto não alcança o ultimo degrau

O tempo passa, a corda não segura
Acorda!
É chegada a hora do ultimo eclipse!

Lá pelos arredores de Nice
Chegamos ao fim do passeio dos Ingleses
Estou as portas de um avião
Mas eu sei voar


Ancoro-me inteira neste instante
Mas não posso fugir do meu destino
Ei de ser sempre a lua dos amantes

A noite me pertence,
As estrelas me obedecem
Mas o sol desce, e estamos nós,sós

Vês esta sacada? Desce
Desça a minha escada, escadaria
De repente eu acho, que amanheceu...

domingo, 19 de abril de 2009

Noite dos vampiros




Sentados no beiral
não da janela mas da sarjeta
equidistantes entre céu e pensamento
sonhando que o amanhecer vicinal
que queima todas as letras
não estrague este momento...



Pois já diz a velha lenda
sobre vampiros e sol
sobre morcegos e luz



Eu não vou embora
sei que ja foi dada a hora
sei que já foi dito o nada
já foi omitido o tudo
se avizinha o nascimento...



Pois já diz a velha história,
Athos, Porthos e Aramis,
a Pórcia de Shakespeare



Num instante somos um
ou somos varios
os cavaleiros templários
num revoar de anuns



Pois ja diz o trovador
não se pode explicar
o eterno desviar
de uma historia de amor



Segue a literatura
na contra-mão da figura
que nesta mão configura, e segura



O texto da sua vida
Onde cada qual escreve
não mais que a caricatura...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Silêncio!


No fadário que é meu, neste penar,
Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...

Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
Em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!

Estou junto de ti e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se poisou e se perdeu!

Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa... Esculta!...Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!..

[Florbela Espanca]

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Fumaça



Vou fumando o cigarro da saudade
e a fumaça escrevendo o nome dele.
Passando em revista os desacertos
Minha culpa e o pensamento nele

Vejo as voltas que passam no relógio
Tanto tempo passando e eu sem ele
Já não sei qual a letra do meu nome
na fumaça eu escrevo o nome dele

E o vento que passa na janela
Espalhou a fumaça das palavras
Espalhou a revista dos meus erros
Meus pensamentos, meus cabelos
Foi-se tudo embora menos ele

Já não sei quem sou eu essa quimera
Me perdi entre os ramos desta era
Me perdi naqueles olhos de fera
Que plantaram o abismo que há em mim


Já não sei se isso é flor
No meu jardim
Meu cigarro a fumaça dos teus olhos
Tu deixaste esse meu mundo ás avessas
Te pergunto que solidão é essa?


TE


As Lagrimas são gotas de alma

Minha consciencia é invisivel

De tudo eu não entendo nada

e a água que agoa os canteiros da vida

ja foi alma, flore alma debaixo de um sol de 40º


Acontece que eu sou noturna,

o manto da noite revela a estrela

só se vê luz na escuridão


Quanto paradoxo

quanta oposição

quisera ser rainha em meu castelo

insensatas pedras de nuvem


Será que vai amanhecer as 23:30?


Tens os olhos cegos

e um tremor interno

que sente

um tato que enxerga

mas não sabe ler


Tenho a venda da justiça

uma balança pendente

uma espada erguida

pra luta que não ha de ser


Tenho uma coragem muda

Garras de fera pelo ar

Tenho o ta e o to,

o ti, o tu e até o te

só não tenho v nem c


terça-feira, 14 de abril de 2009

Sarvalap

"As palavras?
Eu as escrevo,
antes de tudo,
para mim mesma:
pra me divertir.
Coloco-as uma ao lado da outra,
com ou sem sentido.
São palavras-criaturas
que na sombra do inconsciente
armam laços e desarmam
vidas sofridas." [Clarice Lispector]

AMAluquecendo




Eu tenho um amigo filósofo
sabe???

Conheci um dia o Blog dele...e neste segundo eu soube que
não
tinha capacidade pra ter um...
Passando o tempo ele me apresentou
outro
amigo...um poeta maravilhosoooo....me senti do
tamanico da ponta de
uma agulha
quando soube que leu um poema meu...
A vida é engraçada
...depois de tudo
isso ...cá estou eu...

Me pergunto o porquê...

Gabarito de
fato eu não tenho...mas o Vate mandou...faz um blog
mingau...e cá estou eu

Tem coisas que não se explica....Amor não se
explica, admiração não se
explica...loucura não se explica...


Numa esquina qualquer da
vida...encontrei um irmão que eu tive
mais não tive e agora TENHO...

Dificil de entender???? SIMPLES...só
feche os olhos e SINTA....

No mais...perdoem os meus limites humanos,
minhas falhas pessoais e
saibam que se estou aqui é SÓ porque o
Vate...acredita em
mim....