quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Estatuída


Pedra de mármore raro

é aquela que atravanca

o meu caminho

perdoada por bela

incomum

entre o ocaso de todos os fatos

que se repetem inuteis

nos meus dias.


Pedra extraida do seio da terra

já não entendo
qual mal possa haver...


Te olho de lado

me sento em teu colo

não te esculpo nem te escalo


Tenho a sede do caminhante

antigo

de olhos fartos, cansados

dos mesmos trilhos

nos mesmos passos


Pedra dura que afaga

na entre-vida de objeto inanimado

bem viera tu, a quebrar meu marasmo.


Moldada sob a pressão da terra

te cabes nos cantos, te assentas inerte

com um peso sob os ombros

bem maior que o meu.


Gema de partida e chegada

revestimento da casa

que me abrigou


Gema de ovo e raiva

atada, ao destino

no meio de nada

que me arrebatou.

3 comentários:

  1. Maravilhoso!!!!!

    "Tenho a sede do caminhante
    antigo
    de olhos fartos, cansados
    dos mesmos trilhos
    nos mesmos passos"

    Poeta!

    És grande nesta caminhada!

    Beijos

    Mirse

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  2. ''entre o ocaso de todos os fatos que se repetem inuteis nos meus dias''

    -muito belo, poucas palavras tem poder imenso em suas interpretações!! Invitável e inusitável, (risos). Besos linda!

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  3. Acho o seu blogue bonito.
    Essa ponta de mistério é fascinante.
    Tem muito a ver comigo...

    Boa noite

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