quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Estatuída


Pedra de mármore raro

é aquela que atravanca

o meu caminho

perdoada por bela

incomum

entre o ocaso de todos os fatos

que se repetem inuteis

nos meus dias.


Pedra extraida do seio da terra

já não entendo
qual mal possa haver...


Te olho de lado

me sento em teu colo

não te esculpo nem te escalo


Tenho a sede do caminhante

antigo

de olhos fartos, cansados

dos mesmos trilhos

nos mesmos passos


Pedra dura que afaga

na entre-vida de objeto inanimado

bem viera tu, a quebrar meu marasmo.


Moldada sob a pressão da terra

te cabes nos cantos, te assentas inerte

com um peso sob os ombros

bem maior que o meu.


Gema de partida e chegada

revestimento da casa

que me abrigou


Gema de ovo e raiva

atada, ao destino

no meio de nada

que me arrebatou.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Medo de fantasmas


De nada vai adiantar
ao infinito
o mito do teus olhos

Nas letras de um vocabulário
extenso e extinto
da tua lingua
que eu hoje,desconheço

Um toque cálido
de estatua estranha
de mogno e aço
ou musculatura

De nada servem
retalhos de amor
ou humor
sem costura

Nem três pingos
de chuva
entre seis mil
verões

Nada vai salvar
O escombro dos meus dias
das tuas ventanias,soltas

Quantas imagens
calculadas
nessa maquina
sem numeros

Quantas contagens de apuros
sem dedos
com medos
tantos
quantos, me perdi

De nada vai adiantar
ao meus instintos
o mito dos teus olhos