terça-feira, 19 de maio de 2009

Sentidos


Já não tenho mais o mesmo cheiro
nem o mesmo gosto
no meu rosto não encontro
as marcas do teu contato

Já não tenho o tato
das coisas loucas
e antigas
já tão conhecidas
que eu adivinhava

O cheiro da terra molhada
que anuncia a chuva
já não é o mesmo
do pretérito inverno

Sinto o gosto do sol
no céu
da boca que se abre
e se alimenta

De um raio vertigem
descondensado
eletricamente carregado
violentamente atirado
sobre a terra

Abro meus olhos no escuro
pupilas constrictas
revelam um novo mundo...

Ao longe eu ouço o som dos sinos
ou seriam risos
leves... fugidios
com tilintares metálicos

Nao tenho o sexto
mas o setimo sentido
que são todos eles juntos
abrindo as portas

[do universo da sensação]


Estou no quarto andar da trajetória
na segunda fase da história
Na integralização das derivadas
do mundo sem cortinas
de um quinto elemento
do invisível


Estou de pé no limiar de um rio
entre dois caminhos
de olhos fechados
e os pés sobre os espaços

Atirei um terço dos problemas
caminho mais leve
e sinto nos labios um gosto de prenunciação
im-pro-nun-ci-á-vel ...


Ouço o tique-tac dos passos
refuto as máscaras
desafio os impulsos
nervosos e magnéticos

Ultrapasso trincheiras
e assumos riscos
me atiro no abismo
por gosto, por vôo
estou na overdose
dos sentidos...

sábado, 16 de maio de 2009

Chuva


Essa chuva que desaba
é água salgada
que vem não da nuvem
mas da nascente

Essa água que mata
as sedes das gentes
e alivia a alma
dos deseperado

É uma força que lava
que limpa os caminhos
e os descaminhos
onde os leigos se perdem...

É uma agua de sal
que desce do céu
pela curva do rosto
e morre nos labios
afogando palavras

É essência Divina
que purifica e apaga
é correnteza
que arrasta

Aquilo que já não sevre
e as vezes
aquilo que foi tudo
que foi toda
uma vida

Retratos, móveis ,vidas
levadas por uma força
liquida
e devastadora

A mesma que lava
que trata
que salva
Arrasta e
escava...
não pede licença...

É a lição da vida
no uso da força

Podes ser gigante
mas o amor se toca
com a alma das mãos....

segunda-feira, 11 de maio de 2009

SILENCIO!!


As vezes é preciso olhar

para trás

Quando o leão

já não caça

o cordeiro


Ele tem que pensar

ele tem que comer

mas o que?



Quando o sangue amarga na boca

quando se olha nos olhos

dentro da vitima

e dentro de si


Quando é possivel

se ver

nos reflexos

mais inesperados



Existe um instante

onde tudo se confunde

como num giro
não há como saber

de onde vinha

ou aonde ia



Em certos momentos

a unica alternativa

é um recomeço


Um leão que não caça

não pode ser

O rei do bando

nem da mata.


Um ser

de dentes e garras

tem seu instinto

lascivo


Tem olhos astutos

de um predador

espalhando poder


Mas se o leão

quer ser gato

lepido e perspicaz

ou mais


Se ignora a vaidade

e brinca com a preza



Pode ser diferente

assutador

Mas ninguém pode impedir

um trovão num dia de chuva



E neste dia
a fera das feras

se arrastou num furacão

de mansidão e alma nua.

domingo, 3 de maio de 2009

Frio


Eu estou de costas sob a neve
simulando anjos
e neste ato eu me esqueço
de todos os que sentem frio

Há frio dentro me mim
que como na geladeira
cumpre seu papel
conserva

Mas tudo tem seu preço
perco os melhores sabores
desboto as cores
enrijeço o meu interior

Neste vazio,frio
em que me perco
já não sinto o frio gelo
que é quente ao toque
das minhas mãos

Cabeças rolam
como se fossem bonecos [de neve]
mas ainda não derretem
falta sol


E os olhos de botões
desabotoados
não veem além
do proprio umbigo
inexistente


O tempo passa
e mais se atrasa o sol latente
nas primaveras interiores
se perdem os pendores
do novo tempo.

Teu sorriso tem mil invernos
chamuscados pelo que há
de fogo [no frio]
que queima


As sensações são relativas
fecho a porta da geladeira
de mim.

Num baque
que a todos acorda
entre gritos e resmungos
o sol vai nascer

O motor ribomba e sofre
quando o entorno se aquece
é dificil ser frio

Ele urra na luta, resfolega
desiste
Vamos todos a manutenção


Num mundo pré-climatizado
todo motor deve funcionar
não se pode desligar
se não gostar do ar [condicionado]

Tudo é pré-determinado
estipulado
pra ser acondicionado
no seu lugar.

So que a primavera
dessa nossa era
tenta tocar
a insesivel fera

Tocada a oléo
litros de petróleo
numero, protocolo
globalização...

E a geladeira, já tão distoada
foi arrematada
na liquidação

Mas por ter defeito
e não saber gelar
o adquirente
foi buscar abrigo [na legislação]

No fim da audência
o ex-proprietário
saiu condenado
estelionatario

E a tal geladeira
por não ter valia
foi encaminhada
para um orfanato
como doação.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

EsFiNgE


São ares de areia carregados

no enigma dessa era!

Sabeis da areia, da aparência

mas suas câmaras ocultas

existem por suas razões.


Deixas carros, prédios e buzinas

Contempla-a em silencio

Seu segredo é seu misterio

seu valor


Há paz e beleza neste admirar

mas para entrar

entre as obscuras passagens

é necessario muito mais coragem


Há armadilhas em cada canto

estão provando sua valentia

sua inteligencia,ou sua esperteza


Podes ser conquistador ou preza...

Podes perder-se no caminho

e nunca voltar...


Quem quer descobrir meu enigma

não deve ter medo da morte

precisa contar com a sorte

caminhar de olhos vendados...


Sentado em meio ao deserto,

Podes admirar

mas não se levante, fica

Ou firma teus passos


Se entrares pela porta,

não há volta

Terás o destino traçado...


Reza um prece, grão de areia

Se quereis misterios

encontrarás...


Mas por não devenda-los

Eis que enlouquecem

a todos os homens

de olhos fechados.