segunda-feira, 1 de junho de 2009

Tempo


Os segundos vão passando

com ganas de transformação

Nenhum dos dias pode ser igual

Não há um mero instante imortal

tudo se esvai


Tudo se prende e se afivela

nos ocultos cadafalsos do pensamento

que não nos poupam

sequer dos dias de chuva

dos olhos



Nesse relogio que gira,
a mecânica ignora

tantas revoltas, ou alegrias

nas reviravoltas que a vida dá


Num retrospecto, como de filme

pelicula antiga e rebobinada

acelerada, sem pausa

nem som, nem parada



Figura insone... num cinema mudo

que assiste a historia de sua vida

e enquanto dramatiza

o tempo segue a sua sucessão


Num passo temporal (onde o relógio)

percorre o espaço

de meia-vida

de elemento quimico

desgastado, consumido

pelo meio e pelas pontas

do ponteiro.


Agora grita, o despertador

em plena escuridão ( de meia madrugada)

começa o trabalho pra nascer (o sol)

que não vai esperar


E o tic-tac é como o poema

escrito a caneta ( assinado)

e entregue

ao seu destinatário...


Não se corrige, não se emeda

não se completa... nem nega autoria

Mas o sentido, qual folha ao vento

se entrega às mãos

de quem interpreta....

Um comentário:

  1. Lindíssimo, Yara!

    A cada poma seu, sou aprendiz, e me surpreendo com o trancorrer do eu lírico que nele existe.

    Destaquei esta parte:
    Nenhum dos dias pode ser igual


    Não há um mero instante imortal


    tudo se esvai.

    Porque é linda, e cabe a todos nós! A mim, de um modo especial.

    Parabéns, querida!

    Beijos

    Mirse

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