segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Memórias


Se no entremeio do texto
desabo
nas coisas que não vivi
Ao menos vi dessas coisas
senti tantas loucas
simples coisas
novas, velhas ociosas
coisas
moveis ou mórbidos
objetos
e abjetos objetivos

Não conto um conto
nem de fadas
ou de moeda
antiga, enferujada
Nem conto o caso
do mineiro ou do vizinho

Não me agasto à fofoca
mas do que me toca
no âmagos da notas
da lembrança fragil
que desbota e fica
por solene e linda
e memoravel

Monto a história
do homem
[perfeito]
de imperfeitos atos

Da humanidade
pintadas em mil cores
sob negro manto
faz do tom
tão menos vivo...

Digo que sinto
sentimentos outros
que não meus
ou são... por esbulho
por furto ou por posse
e gosto.

Não falo só do sentido
mas do que vejo
do que não gosto [e dói]
Fora de mim
bem onde o dedo
na ferida [aberta]
atravessa a lei do espaço
e toca no oculto
das minhas certezas.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Olhares


Vida e vidraças transparentes

até onde vê-se

o ato fato

erroneo verso

sem sentido


Das palavras doentes

do menino quieto

num medo absurdo

da visão mais clara

quase cor de alma


Dos versos não dito

refeitos

escondidos

proibidos

na profunda repressão


Do medo latente

em qualquer julgamento

de jovens passantes

sem convicção


Sorriso amarelo

plantado no rosto

pior que palhaço

CONTRA-cenando

acenando o que não sente



São milhares de cacos de vidro

no quintal

do jarro favorito

de minha avó


Vitrais são feitos

de cacos de vidro

[pensei]

e não há mais belos



Será que alguém

quando feito aos pedaços

tem beleza?

[perguntei]


Tilintam cacos

de vidro e gente
no meio da tarde

uma obra de arte...

aos pedaços.